Dia da Mulher
Destaque pela via do conhecimento
Atuante na saúde pública de Pelotas, Ana Menezes é uma das cientistas mais citadas do mundo
Gabriel Huth -
A cientista, médica e pneumologista Ana Maria Baptista Menezes é a mulher pelotense com maior destaque no cenário acadêmico internacional. Ela está entre as pesquisadoras mais citadas em todo o mundo graças ao trabalho desenvolvido no Centro de Pesquisas em Saúde Dr. Amílcar Gigante, e também como professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). No ano passado, viveu um dos momentos mais gratificantes de sua carreira ao ser anunciada como titular de uma cadeira na Academia Sul-rio-grandense de Medicina, que possui apenas cinco mulheres em um total de 60 membros.
“Eu sou pelotense com muita satisfação e orgulho”, diz, logo no início da conversa dentro do seu ambiente de trabalho, com quadros mostrando certificados de universidades de fora do Brasil e um grande número de troféus, acumulados ao longo da carreira, iniciada em 1977.
Esse orgulho e satisfação sempre estiveram presentes no trabalho de Ana. “A minha pesquisa sempre teve o foco nas pessoas daqui de Pelotas, os dados que a gente reúne sempre foram focados na nossa cidade”, destaca, como sendo um pilar de todo o trabalho desenvolvido. Foi o caso de sua tese de doutorado, considerada sua primeira grande contribuição para a área no Brasil.
História
Ana tinha 18 anos quando, em 1971, concluiu o Magistério no Instituto de Educação Assis Brasil e conseguiu uma vaga na Faculdade de Medicina da UFPel, onde ingressou no ano seguinte. Em 1978, um ano após se formar, foi contratada como professora na Faculdade. Logo em 1979, foi a vez de sair do Brasil para fazer mestrado em Pneumologia na University of Southampton, na Inglaterra. Retornou para Pelotas em 1983 para continuar a carreira de professora e médica pneumologista. Na década seguinte, concluiu o doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) com uma tese sobre a prevalência e fatores de risco para bronquite crônica em Pelotas.
Em 1993, participou da pesquisa da Coorte de Nascimentos, coordenando o subestudo de mortalidade infantil. Desde então, a saúde de todas as pessoas nascidas em Pelotas naquele ano são acompanhadas em pesquisas. Ainda na década de 1990, foi colaboradora da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, realizando trabalhos sobre câncer de cabeça, pescoço e pulmão - tratando o tabagismo como principal fator de risco. Já em 2003, Ana coordenou um estudo chamado Platino, uma das mais importantes contribuições na área da epidemiologia respiratória. O estudo foi realizado em cinco países da América Latina: Brasil, Uruguai, Chile, Venezuela e México. Este projeto rendeu a Ana e à equipe uma publicação no que é considerado o periódico sobre Medicina de maior importância no mundo: a revista The Lancet, criada na Inglaterra, em 1823. O estudo era referente à prevalência da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), da bronquite crônica e do enfisema.
Ao todo, foram mais de 300 artigos publicados. Hoje, Ana é pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) nível A1, o mais alto entre as categorias existentes.
Emoção e reconhecimento
Uma das principais emoções foi no ano passado. Ana foi eleita para integrar a Academia Sul-rio-grandense de Medicina. Perguntada sobre a sensação de integrar o grupo tão seleto de médicos gaúchos, ela parece ver todo o seu passado antes de responder: “Foi muito emocionante. Estar entre as cinco mulheres de um total de 60 cadeiras, ser a única mulher do interior. É tudo muito gratificante”, comenta.
Legado para a cidade
Graças às contribuições de Ana, Pelotas foi uma das primeiras cidades gaúchas a aprovar a Lei Antifumo, ainda em 2009. Na época, junto com o médico e amigo Roni Quevedo, e com auxílio da pressão da sociedade civil, foi aprovada a lei que proibiu o consumo de cigarros em locais fechados na cidade. Especialista em estudos sobre o pulmão, Ana acredita que esta tenha sido uma das ações mais importantes em termos de resultados práticos, já que hoje se tornou parte da cultura a proibição de fumar em locais fechados. “A gente precisa pensar o tema enquanto saúde pública, e fumar faz muito mal”, indica
Confira a série
Dia 28/2 - Ana Maria Costa, ex-professora
Sábado e domingo - Delegadas de polícia
Segunda - Lisiane Lemos, executiva e ativista
Terça e quarta - Juliana e Ana Carolina, influenciadoras digitais
Quinta - Ana Menezes, pesquisadora
Sexta - Reportagem especial
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